MAIS SEGURANÇA - segurança do trabalho - 19/02/2019
Qual o objetivo da NR-33?
Desde 2006, a Norma Regulamentadora nº. 33 (NR-33) tem como objetivo assegurar a saúde dos trabalhadores em atividades realizadas em espaços confinados. Essa norma estabelece condições para reconhecimento e identificação desses locais, além de orientações a respeito da avaliação, monitoramento e controle dos riscos associados ao ambiente e às atividades realizadas no local.
Como a norma classifica um Espaço Confinado?
33.1.2 - Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente, para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.
Guia para cumprimento da norma NR-33
Estabeleça o Responsável Técnico pela gestão, de acordo com a norma;
Identifique, sinalize e bloqueie os espaços confinados da empresa;
Identifique os riscos específicos de cada espaço confinado;
Elabore os procedimentos, especifique e adquira os equipamentos de segurança adequados e ajuste a Permissão de Entrada e Trabalho (PET) às necessidades da empresa;
Estabeleça a equipe de trabalho (supervisores de entrada, vigias, trabalhadores autorizados e responsáveis por resgate e salvamento);
Capacite a equipe de trabalho para a prevenção dos riscos, medidas de controle, de emergência e salvamento, além de treiná-la para o uso correto dos equipamentos de segurança disponíveis (Carga horária mínima: Trabalhadores Autorizados e Vigias = 16 horas | Supervisores de Entrada = 40 horas);
Garanta que o acesso seja liberado apenas após a realização da Análise Preliminar de Risco (APR) e da emissão da PET;
Avalie, periodicamente, o programa, visando a melhoria contínua da gestão de saúde e segurança.
Exemplos de Espaços Confinados mais comuns:
Agricultura: Biodigestores, silos e moegas;
Construção Civil: Poços, valas e trincheiras;
Indústria Têxtil: Caixas, recipientes de tingimento, caldeiras, tanques e prensas;
Equipamentos e Máquinas: Caldeiras, transportadores, coletores e túneis;
Metalurgia: Depósitos, dutos, tubulação, silos, poços, tanques, coletores e cabines;
Transporte: Tanques nas asas dos aviões, caminhões-tanque, vagões-tanque ferroviários, tanques e navios-tanque;
Concreto, Argila, Pedras, Cerâmica e Vidro: Fornos, depósitos, silos, tremonhas, moinhos e secadores;
Indústria do Petróleo e Indústrias Químicas: Reatores, vasos de reação ou processo, colunas de destilação, tanques, torres de resfriamento, áreas de diques, filtros coletores, precipitadores, lavadores de gases, secadores e dutos;
Empresas de Infraestrutura: Galerias, tanques sépticos, poços, poços químicos, reguladores, caixas de gordura, estações elevatórias, esgotos e drenos, digestores, incineradores, estações de bombas, dutos, caixas, caixões e enclausuramentos.
Proteção Respiratória
Diversos tipos de respiradores podem ser adequados para espaços confinados, em função de características específicas dessas áreas. No entanto, considerando que 40% das mortes em espaços confinados são resultantes de atmosferas com deficiência de oxigênio, a seguir apresentamos algumas soluções, que contemplam deficiência de oxigênio para teores de oxigênio entre 12,5% e 18% (nível do mar), ou seja, ambientes não IPVS, e também para teores abaixo de 12,5% (nível do mar), áreas IPVS.
IPVS = Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde
Trabalho Contínuo
Área Não IPVS
Linha de ar comprimido de fluxo contínuo
Linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva
Área IPVS
Linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e cilindro auxiliar de fuga
Emergência e Resgate
Equipamento autônomo de circuito aberto e demanda com pressão positiva
Adequado para condições de emergência, entrada, resgate ou fuga de áreas IPVS ou desconhecidas.
Escape
Equipamento de escape com capuz e cilindro em alumínio
Sistema de Suprimento de Ar
Carrinho de suprimento de ar respirável
Painel filtrante
Mangueiras e conectores
Proteção Contra Quedas
Tripé de resgate
Kit resgate
Cinto de segurança tipo paraquedista + talabarte
Detecção de Gases
É necessária a realização de uma avaliação atmosférica, antes do funcionário autorizado adentrar ao espaço confinado, para verificar a salubridade do ambiente em relação à presença de contaminantes.
Detector Multigás
Kit calibração (bump test)
Análise de Perigos e Riscos
Realizar uma análise de risco para cada espaço confinado, descrevendo as atividades que deverão ser desenvolvidas e onde os seguintes riscos sejam considerados:
Riscos atmosféricos:
Asfixia por falta de oxigênio;
Incêndio ou explosão;
Intoxicação.
Riscos de agentes físicos
Ruído;
Iluminação;
Vibrações;
Temperaturas extremas.
Riscos decorrentes dos agentes biológicos
Agentes biológicos perigosos;
Fauna prejudicial.
Outros
Riscos de energia mecânica, elétrica ou pneumática;
Os riscos decorrentes das atividades a serem desenvolvidas;
Os riscos decorrentes das características do espaço confinado, como instáveis, superfícies molhadas, escorregadio etc;
Estimar a duração das atividades;
O tempo máximo de permanência do trabalhador no local;
Possíveis situações de emergências;
Plano de emergência e resgate de possíveis trabalhadores lesionados;
Antes, durante e depois de entrar no espaço confinado deve ser realizada amostragem e monitoramento, para determinar a existência ou não de uma atmosfera perigosa;
Considere o teste de calibração e desempenho;
É recomendável o fornecimento de pelo menos um detector portátil por trabalhador.
Informações Importantes para Saúde e Segurança
Análise Preliminar de Risco (APR)
A APR nada mais é que um estudo antecipado e detalhado de todo o trabalho a ser realizado, visando mapear todos os possíveis riscos associados ao local e/ou atividade.
No caso de espaços confinados, ela é fundamental para a compreensão das características daquele local, para analisar quais riscos ambientais ele oferece.
Avaliação Atmosférica em Espaços Confinados
É necessária a realização de uma avaliação atmosférica, antes do funcionário autorizado adentrar ao espaço confinado, justamente para verificar a salubridade do ambiente em relação à presença de contaminantes. Essas avaliações são realizadas fora do espaço confinado, através de um detector multigás. O detector deve possuir os 3 tipos de alarme (sonoro, visual e vibratório), visor que possibilite a leitura instantânea, ter resistência à umidade e que o invólucro garanta a proteção para os riscos de corrosão e quedas, além de ser intrinsecamente seguro.
É de extrema importância averiguar os detectores de gases antes do uso, pois só assim fica garantido que os sensores estarão aptos e precisos a realizar leituras de determinados contaminantes durante a atividade.
É mandatório que o espaço confinado seja monitorado continuamente. Geralmente, esse monitoramento é feito por medidor multigás sem bomba de sucção, e este também deverá ser capaz de detectar todos os riscos atmosféricos mapeados na APR e ser calibrado antes do uso.
Proteção Respiratória em Espaços Confinados
Locais confinados podem apresentar inúmeros riscos, mas nenhum deles é tão crítico quanto o fator atmosférico. Alterações atmosféricas são de longe os grandes responsáveis pelos acidentes graves ou fatais que ocorrem nesses ambientes. Por esta razão, a melhor solução para garantir a segurança do trabalhador é que ele esteja munido de um sistema de suprimento de ar, com cilindro auxiliar de fuga, pois, assim, ele estará prevenido de uma alteração atmosférica repentina (situação IPVS - Imediatamente Perigoso à Vida ou à Saúde) e conseguirá abandonar o local com agilidade, mobilidade e segurança.
Proteção Contra Quedas em Espaços Confinados
Na realização da APR é fundamental o diagnóstico de como o espaço será acessado:
Sistema Primário - O espaço confinado possui escada, o colaborador ingressará ao local utilizando seus próprios recursos (mãos e pés);
Sistema Secundário - O espaço confinado não possui escada, necessitarei de um sistema de ascensão/ descensão (guincho), para que o colaborador tenha acesso ao local.
Para atividades com risco de queda, é primordial que o dispositivo de conexão possua absorvedor de energia, que proporcione ao usuário um impacto de até 6 kN em caso de queda. Para atividades em espaços confinados, é interessante um mecanismo de resgate (manivela), para que, em caso de queda ou mal súbito, o trabalhador possa ser resgatado com segurança e agilidade.
Fonte: NR-33 e Honeywell
Cláudio Cassola é especialista em segurança e saúde do trabalho e diretor técnico da MAIS SEGURANÇA - segurança do trabalho
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